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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Chávez ameaça cortar fornecimento de petróleo aos EUA

Frank Jack Daniel
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou neste domingo cortar o fornecimento de petróleo aos Estados Unidos caso a Colômbia promova um ataque militar contra o país devido às crescentes rixas por acusações de que a Venezuela abriga rebeldes colombianos.

Chávez, um esquerdista e crítico voraz dos EUA, cortou relações diplomáticas com a Colômbia na semana passada, devido a acusações de que o governo de Álvaro Uribe, que está em seu fim, é um aliado dos norte-americanos.

"Se houver qualquer agressão armada contra a Venezuela, vinda do território colombiano ou de qualquer outro lugar, causado pelo império ianque, suspenderemos os carregamentos de petróleo aos Estados Unidos, mesmo que tenhamos de comer pedra aqui", afirmou Chávez.

"Não mandaremos uma gota mais para as refinarias dos EUA", afirmou, causando um grito uníssono de aprovação de milhares de partidários em um comício do Partido Socialista.

Chávez afirmou temer que um ataque da Colômbia era iminente, depois de Bogotá ter acusá-lo de permitir que importantes comandantes dos rebeldes esquerdistas das FARC operem livremente em regiões perto da fronteira.

O presidente negou as acusações colombianas e disse que não tolerará qualquer grupo armado estrangeiro na Venezuela.

A disputa com a Colômbia dominou a agenda política da Venezuela antes das eleições legislativas de 26 de setembro, desviando a atenção de uma grande recessão no país e da alta inflação.

Gadget: Transforme suas fotos em carimbos.

Já faz anos que as fotos no papel não estão tão presentes na vida das pessoas. As câmeras digitais chegaram pra ficar, e cada vez estão ficando mais tecnológicas.

Mas, o problema é que as fotos não mais permanecem por muito tempo "vivas". Aposto que você já perdeu muitas delas em pastas perdidas na infinidade dos bits.

Uma saída pra esse tipo de problema pode ser a câmera Stampy.y. Ela simplesmente transforma fotos em carimbos, para serem usados na hora. Na verdade é muito mais uma brincadeira do que qualquer coisa, mas pode ser divertido ter uma foto estampada em forma de carimbo...
Veja abaixo o passo a passo de como funciona:

Agora, qualquer foto pode ser estampada com quantas cópias você quiser e onde quiser.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Laboratório da USP irá cultivar células-tronco com tecidos dentais

Trabalhos serão realizados com diversos tipos de populações dentais.Centro de pesquisas será lançado em 2011.

A Faculdade de Odontologia da USP irá desenvolver um laboratório para pesquisa e cultivo de células-tronco com populações dentais diversas, desde dentes de leite até tecidos como o ligamento periodontal, conector do dente aos ossos da boca.

Parceira do King's College de Londres em cinco projetos de pesquisa com células-tronco dentais, a faculdade deverá contar com novo centro em 2011. A especialista e professora de ambas instituições Andrea Mantesso, coordenadora do projeto, afirma que as pesquisas na área avançam a passos largos.

"Já é possível gerar outros tecidos dentais ou mesmo dentes inteiros a partir de células-tronco", explica Andrea, em entrevista ao G1. "Uma população de células-tronco dentais não servem para qualquer aplicação, mas são extremamente promissora para os tecidos que são capazes de formar."

Células-tronco de tecidos dentais possuem aplicação limitada por não serem pluripotentes como aquelas obtidas a partir de embriões e de cordões umbilicais.
Para obter as células-tronco, o tecido de interesse como a polpa ou o ligamento periodontal são removidos e enzimas são aplicadas para separar as células umas das outras. O último passo é afastar as células-tronco das demais que compõem o tecido.
Histórico

O isolamento de células-tronco a partir de tecidos dentais começou em 2000, com trabalho do professor australiano Stan Gronthos. Três anos mais tarde, a mesma equipe identificou a presença de células-tronco também em dentes de leite.
Tecidos como ligamento periodontal e papila apical - tecido presente na formação da raiz do dente - também estão entre as populações dentais pesquisadas posteriormente para obtenção de células-tronco.

No ano de 2004, uma equipe do King's College, chefiada por Paul Sharpe, conseguiu construir um dente no rim de um camundongo, utilizando somente células durante o processo. Material de medula óssea foi empregado neste experimento, tido como um marco na odontologia moderna por mostrar a possibilidade de criar um dente a partir de tecidos não dentais.

Segundo a professora Mantesso, células-tronco dentais em geral já foram empregadas em trabalhos de engenharia tecidual em órgãos não dentais.
"Já se mostraram eficazes na recuperação de isquemia cardíaca e de danos na retina, além da produção de células neurais contra doenças neurológicas e musculares no combate a distrofias", afirma Andrea.

sábado, 3 de julho de 2010

Contos de fadas não contribuem para amadurecimento da criança, diz terapeuta

Pai de seis e avô de nove, o psicoterapeuta Zenon Lotufo Jr. sempre gostou de contar histórias às crianças da família. Mas nunca gostou muito dos contos de fadas.Lotufo avalia que, em grande parte desses contos, o medo de cair nas garras de uma bruxa ou de ser punida (como ela será, no final) serve para manter uma atitude de subserviência e não contribui para o amadurecimento da criança -ao contrário do que sustentam algumas correntes da psicanálise.

Folha - Para o senhor, contos de fadas não são benéficos?Zenon Lotufo Jr. - Um dos problemas é que se generaliza, como se qualquer dessas histórias tivesse papel positivo. Muitas levam ao conformismo, usam o medo como forma de dominação e apresentam crueldades incríveis.



Até as versões "suavizadas"?Os contos de fadas sempre foram adaptados às características de cada época. Os irmãos Grimm fizeram isso. Mas há autores que dizem que eles domesticaram os contos, que deveriam voltar a ser como eram. E eram muito cruéis. Não há provas de que a criança se beneficie disso. Esses contos surgiram em uma cultura em que o medo era moeda corrente. Todo mundo vivia com medo.


Hoje, também vivemos com medo...Sem dúvida, mas é diferente pensar na Europa dos séculos 13 ao 18, com a cultura da culpabilização por meio da religião, as pestes, as guerras, a fome. Os contos de fadas de que estamos falando surgiram nesse contexto e em grande medida reforçavam esse medo para manter a obediência das pessoas. Em geral, culpavam as mulheres e as crianças (quando eram curiosas e desobedientes) pelos problemas.



O fato de ter sempre um final feliz não é positivo?A mulher e a criança raramente têm um papel ativo no final feliz. Branca de Neve, Bela Adormecida e Cinderela são salvas magicamente. Essa passividade das heroínas tem uma mensagem clara: quem é boazinha, submissa, vai ser salva por um príncipe.



Então não seriam histórias para as crianças de hoje?As histórias estão aí, ninguém vai suprimir isso. Mas é importante que o adulto que conta a história discuta esses aspectos com as crianças. Outra coisa importante é pensar se são adequadas à idade. Criança muito pequena pode ficar apavorada e não vai entender uma explicação que as contextualize.



Há entre essas histórias as que podem ser benéficas?Algumas têm uma mensagem claramente positiva. O "Patinho Feio", por exemplo, mostra alguém que é maltratado porque pertence a outro grupo, ajuda a entender o problema da discriminação.


Os contos podem ajudar a criança a elaborar os próprios medos, como perder a mãe ou ser abandonada?Não há comprovação de que os contos tenham essa função e de que as crianças gostam deles por isso.



E por que continuam fazendo sucesso e atraindo tanto as crianças?Eu não sei se eles atraem mais as crianças ou os pais. Sempre foram usados como um meio de levar à obediência: não discuta, é assim mesmo. A Chapeuzinho Vermelho é curiosa e desobediente, por isso se dá mal.



Em sua opinião, esses contos não cabem na cultural atual?Tanto esses contos como muitos super-heróis modernos passam a ideia de um bem completo e um mal completo. Não acho que essa visão maniqueísta faça bem. De uma forma geral, havendo alternativa de uma coisa mais saudável e até mais "contracultural", acho melhor para a criança.



Seria o caso de um filme como "Shrek", em que os personagens típicos dos contos de fada aparecem em papéis invertidos em relação aos "bons" e aos "maus"?Pode ser. O ogro sempre foi o mal e é apresentado de outra forma, como herói. Isso é uma forma interessante de abordar o assunto.


A voz do Brasil: um programa fora de sintonia

Há 75 anos, as emissoras de rádio são obrigadas a transmitir o noticiário. O Congresso está agora diante da chance de rever esse anacronismo

Era início da noite de segunda-feira 22 de julho de 1935, quando o locutor Luiz Jatobá interrompeu com sua voz grave a programação das 50 rádios que operavam no país. Estreava o Programa nacional, idealizado por um amigo de infância do então presidente, Getúlio Vargas, com o objetivo de propagandear as realizações do governo federal.


Em 1939, quando Vargas já estabelecera no país a ditadura do Estado Novo, o programa, rebatizado como A hora do Brasil, tornou-se transmissão obrigatória pelas emissoras de rádio, sempre no horário das 19 horas. Durante a vigência de outra ditadura, a do regime militar, A hora do Brasil virou A voz do Brasil. Mudou de nome, mas manteve seu caráter compulsório e sua marca registrada: a abertura com os acordes de “O guarani”, a ópera de Carlos Gomes, e a voz de um locutor que anunciava: em Brasília, 19 horas.


Quando A voz do Brasil foi criada, o rádio era o principal meio de comunicação de massa, e não havia outros canais para os brasileiros das regiões mais longínquas se informarem sobre os fatos e acontecimentos da vida do país. Nesses 75 anos que nos separam da primeira transmissão do programa, o Brasil passou por grandes transformações. Urbanizou-se e deixou de ser um país de população eminentemente rural. Sua economia se industrializou e se modernizou a ponto de estar diante da perspectiva de virar, em breve, uma das cinco maiores do mundo. Há mais de 25 anos, o país é governado por um regime democrático pleno.


O rádio também mudou e se adequou à concorrência de outros meios como a televisão e a internet. O anacronismo da obrigatoriedade de transmissão, às 19 horas, de A voz do Brasil por todas as emissoras de rádio do país, porém, permaneceu inalterado, apesar de os poderes públicos contarem hoje com uma monumental estrutura de comunicação. Esse aparato oficial inclui a TV Brasil (controlada pelo governo federal), a TV Câmara, a TV Senado, a TV Justiça e 648 emissoras de TV e rádio de caráter governamental ou educativo.


Essa imposição – que só encontra situações semelhantes em países de regimes políticos fechados e ditatoriais, como China, Cuba e Coreia do Norte – cria situações esdrúxulas. Nas grandes cidades brasileiras, o rádio é o principal veículo de informação para quem está no trânsito.



Quando um avião da TAM atravessou a pista do aeroporto de Congonhas, em 17 de julho de 2007, e explodiu em uma das mais movimentadas avenidas de São Paulo, matando 188 pessoas, o ouvinte, porém, não pôde ter informações sobre a tragédia e o caos nas ruas porque as emissoras de rádio foram obrigadas a suspender suas transmissões durante longos 60 minutos para veicular A voz do Brasil. Da mesma forma, durante a catástrofe das enchentes ocorridas em Santa Catarina em novembro de 2008, quem sintonizou o rádio às 19 horas foi privado de informações sobre a calamidade.


A obrigatoriedade de veiculação de A voz do Brasil não garante ouvintes para o programa. Em 2008, uma pesquisa do instituto InterMeios mostrou que a audiência das emissoras despenca quando A voz do Brasil começa e demora a se recuperar, causando estragos no restante da programação. Isso representa um abalo e tanto para a saúde financeira das rádios, destinatárias de uma pequena fatia das verbas do mercado publicitário, que prefere investir em televisão, publicações impressas e internet. “Transmitir A voz do Brasil num horário de pico de audiência significa um prejuízo brutal para as emissoras”, diz Daniel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).


Amparadas por liminares obtidas na Justiça, com o argumento de que a obrigatoriedade de transmissão contraria a liberdade de imprensa garantida pela Constituição de 1988, algumas emissoras conseguiram alterar o horário de veiculação ou mesmo se livrar da imposição de transmitir A voz do Brasil. Mas essa é uma situação precária, porque a União sempre recorre aos tribunais superiores para tentar suspender essas liminares. Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou uma liminar que permitia às rádios do Rio Grande do Sul fazer a transmissão de A voz do Brasil até 24 horas depois do horário oficial, 19 horas. A revogação desse anacronismo depende, portanto, de uma mudança na legislação pelo Congresso Nacional.


Há vários projetos no Congresso que propõem mudanças em A voz do Brasil. Dois deles, que estão na Comissão de Comunicação, Ciência e Tecnologia do Senado, pretendem dar às rádios, pelo menos, a possibilidade de adequar A voz do Brasil a suas programações. Segundo as propostas, elas poderiam escolher o horário mais conveniente, entre 19 horas e meia-noite, para iniciar a veiculação do programa. “É uma maneira de enquadrar A voz do Brasil à realidade das emissoras”, diz o senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), relator dos dois projetos de lei. “Obrigar uma rádio a usar seu horário nobre para transmitir A voz do Brasil é complicado. Muitas delas apresentam programas de notícia, falam sobre o trânsito, transmitem jogos de futebol, divulgam eventos locais. É importante dar flexibilidade para que as rádios possam preparar suas programações.” A lei atual é tão engessada que não prevê que se possa suspender ou adiar o programa nem sequer em casos de calamidades públicas.


O governo Lula já manifestou apoio à proposta de flexibilização do horário, mas ainda há resistência entre os parlamentares a mudanças no modelo vigente de A voz do Brasil por questões de conveniências políticas. “Muitos parlamentares veem em A Voz do Brasil uma oportunidade de divulgação de suas atuações. É difícil convencê-los de que precisa haver mudanças na lei do programa”, diz ACM Júnior. Em seu começo, o programa divulgava apenas notícias do Poder Executivo. Mas, desde 1967, o tempo de A voz do Brasil passou a ser dividido também com notícias da Câmara dos Deputados e Senado – hoje, o Executivo dispõe de 30 minutos para sua divulgação, enquanto o Legislativo conta com outra meia hora.


Um projeto com a mudança nas regras de A voz do Brasil ainda não tem prazo para ser colocado em votação na Comissão de Comunicação do Senado. Mesmo que venha a ser aprovado pela comissão, terá ainda um longo caminho pela frente. Terá de ser aprovado também pela Comissão de Educação do Senado, pelo plenário do Senado e depois pela Câmara. Só então irá para a sanção do presidente da República. Para tentar vencer resistências nesse trajeto, a Abert iniciou uma mobilização nacional para que os candidatos ao Congresso Nacional e à Presidência da República se comprometam com regras menos rígidas para a transmissão de A voz do Brasil. “Nós não queremos o fim do programa. Mas queremos que as rádios possam ter flexibilidade para montar sua programação”, diz Daniel Slaviero, presidente da Abert.


Desde a redemocratização do país, A voz do Brasil passou por algumas adaptações. Os acordes de “O guarani” foram remixados ao ritmo de forró, samba, choro, bossa nova, capoeira, moda de viola e até techno. Numa tentativa de se aproximar de uma linguagem mais simples e usual, o tradicional “Em Brasília, 19 horas” também foi substituído por “7 da noite, em Brasília”. Essas tentativas de rejuvenescimento não afastaram, porém, o aspecto bolorento do programa. Ele só será eliminado com uma mudança na lei.